do Espaço Integrado
Durante este período de isolamento social, temos buscado diversos meios de manter a mente sã e ativa, mas será que é possível nos beneficiar mentalmente e profilaticamente com isso neste momento? Para tirar essas dúvidas, nossa reportagem conversou com a Psicóloga Elisabete Corá, do Espaço Integrado, que explica a diferença entre quarentena, isolamento, distanciamento social e como nos afetam psicologicamente.
“A quarentena é uma medida profilática de saúde pública utilizada para impedir a propagação de doenças com grande contagiosidade. E o tempo de quarentena é determinado pelo tempo de incubação da doença, que corresponde ao tempo entre a infecção e o aparecimento dos primeiros sintomas. Já o isolamento separa as pessoas doentes ou já infectadas daquelas que estão saudáveis. Esse isolamento, geralmente, é feito por prescrição médica. O distanciamento social, por sua vez, é uma medida voluntária, na qual as pessoas evitam de interagir de modo tão próximo para evitar a difusão da doença infecciosa. Como esse método de distanciamento social tornou-se imprescindível, ficamos mais propensos psicologicamente à irritabilidade, estresse, angústia, insônia, cansaço físico e mental, labilidade emocional, medo, ansiedade, depressão, tristeza, medo de ser contaminado, solidão, medo da morte, entre outros transtornos. Alguns desses transtornos podem aumentar com o decorrer desse distanciamento social. Durante tempos de crise é comum surgirem diversos tipos de tensão, porém podem aparecer oportunidades. Após toda crise ou qualquer dificuldade, que seja, as coisas nunca voltam a ser como antes, por diversos motivos, seja ele a profissão em que se encontra, o setor financeiro, a vida pessoal, física e mental”.
A psicóloga prossegue explicando outras transformações comuns desse contexto. “Nesse período de turbulência, surge uma nova versão do seu próprio eu, onde cada indivíduo tem sua forma subjetiva de discernir e enxergar que a preocupação não resolve nada, apesar de ser muito difícil pensar em coisas boas no meio das dificuldades, obrigando-nos a adotar novos hábitos. Um deles é o enfrentamento da situação: não é só você que está passando por isso, é o mundo inteiro passando pela mesma dor ou pior do que você. Pode-se amenizar esse distanciamento social e começar a se conectar com o próprio eu, e as pessoas que você ama realmente, explorar mais esse lado humano que deixamos de lado por ‘não ter tempo’. Hoje temos um tempo maior, apesar de algumas pessoas ainda não conseguirem se ajustar à nova realidade, trabalhando até altas horas, estresse total, cobrança pessoal para dar conta de tudo. Olhe e reconfigure sua rota da vida, veja o lado bom das coisas, reprograme seu dia, seus horários, a fim de manter sua saúde mental em dia”.
Crie hábitos saudáveis dentro de suas possibilidades, faça com calma, sem pressa
* Crie uma rotina: isso pode ajudar a trazer ordem e propósito aos afazeres diários. Incluir atividades como exercício, alimentação saudável, convidar amigos para assistir uma live com você ou juntar a família numa videochamada são passatempos saudáveis, bem como leitura, meditação e outros.
* Mantenha o contato: com amigos e família por redes sociais, outras plataformas digitais, invente brincadeiras e envie para amigos, durante o isolamento social. Estar com pessoas, mesmo que virtualmente, pode ajudar a aliviar sentimentos tristes ou ansiosos.
* Fique on-line: as mídias sociais podem facilitar a conexão com velhos amigos ou fazer novos. Pesquisas mostram que ter muitos amigos em sua rede social pode fazer você sentir-se mais apoiada (o) e diminuir o estresse.
* Fique off-line: é importante também fazer outras coisas, escolher uma vez ao dia para ver, ler ou ouvir notícias, ter limite para ficar on-line nas redes sociais. Dosar entre a era digital e fazer outras atividades trará benefícios psicológicos para você.
* Aprenda algo novo: procure algo novo, um assunto de interesse ou habilidade que goste e “não tinha tempo para fazer”, como um novo idioma ou culinária, que possa ser ensinada por amigos e familiares por meio de videochamadas ou outras plataformas.
* Mantenha o pensamento positivo: converse sobre seus sentimentos com os entes queridos, procure seu terapeuta on-line, faça uma lista diária de motivos para se sentir grata (o), e pratique atividades de atenção e relaxamento.
Quem sabe com essas dicas não possa surgir uma nova modalidade de trabalho? Já vemos profissionais dando continuidade nos seus trabalhos em home office, outros através de plataformas digitais, no conforto de seu lar e sabendo administrar seu tempo livre, para equilibrar a sua vida.