A pandemia da Covid-19 fez com que o público idoso se tornasse o centro das atenções em todo o mundo. Mas não poderia ser diferente. Isso porque os idosos são considerados o principal grupo de risco para a doença, devido às alterações sofridas pelo sistema imunológico no processo de envelhecimento e, também, pela presença de comorbidades, que os tornam ainda mais vulneráveis a complicações. Daí a importância de ressaltar alguns cuidados essenciais para que todos consigam passar por esse momento com uma melhor qualidade de vida, sem maiores danos à saúde.

Foi pensando nisso que o Mania de Saúde ouviu a Dra. Eliza Miranda Costa Caraline, médica especialista em Geriatria e Gerontologia e professora do curso de Medicina da UniRedentor. Ela explica como os idosos devem se precaver durante essa quarentena. “Uma das primeiras recomendações é a de que os pacientes, sobretudo os que têm doença crônica, como hipertensão e diabetes, continuem tomando as suas medicações de maneira regular. É até um problema que a gente está tendo de o paciente ficar preocupado em tomar o remédio achando que isso vai favorecer o coronavírus. Não, pelo contrário! Se você é um idoso hipertenso, diabético, cardiopata, tem uma doença de base e deixa de tratá-la, você está mais vulnerável, diminuindo a sua proteção. Deve-se, portanto, manter o tratamento para resguardar a saúde”.

Outro problema, segundo Dra. Eliza, é o número de idosos se automedicando com remédios sem comprovação científica contra a Covid-19. “Um exemplo é a Ivermectina, um remédio que a gente usa no tratamento da escabiose (sarna), mas que já está em falta nas farmácias. As pessoas estão tomando esse medicamento para se proteger de coronavírus, mas sem indicação alguma para isso. É preciso ter cautela. Até porque tudo o que diz respeito à Covid-19 ainda é muito novo. A cada dia surge alguma novidade relativa à doença. É necessário, então, que o paciente siga sempre as orientações do seu médico, sem se automedicar”.

Os cuidados, entretanto, não terminam aí. “Além de manter o tratamento das doenças crônicas, a recomendação é que os idosos fiquem em casa. Se o idoso tem um filho ou um neto que pode ir ao mercado, que dê a ele essa incumbência. E que, se precisar sair, inevitavelmente, que use máscara e tenha todos os cuidados de higiene. Na hora em que chegar com uma compra da rua, por exemplo, basta descartar a sacola do supermercado, pegar todos os produtos e lavar na pia com água e sabão, além de deixar as roupas para lavar e, de preferência, se higienizando com um banho. São atitudes simples, mas que fazem toda a diferença”, afirma a médica.

Dra. Eliza lembra, por fim, que o distanciamento social em relação aos idosos não pode ser sinônimo de isolamento completo. “A recomendação, no caso de famílias numerosas, é diminuir a rotatividade dentro das casas, evitando aglomeração e resguardando os idosos. Mas também não é para isolá-los do convívio familiar. Hoje é possível manter um contato virtual, porque a maioria dos idosos possui um smartphone. Então, dá para fazer videochamadas e manter o vínculo afetivo. Se não, daqui a pouco, a gente está em isolamento social para se proteger de uma doença, mas com os idosos em depressão, completamente sozinhos dentro de casa, sem contato algum. É preciso achar um equilíbrio, tomando os cuidados necessários, aproveitando o que a gente tem de tecnologia hoje, para melhorar a qualidade de vida de todos eles”.